sábado, 30 de julho de 2011

Strictly bench material

"Strictly bench material." É o que alguém diz ao personagem de Christopher Lloyd em "Eight Men Out", John Sayles, colheita de 1988, quando este diz que fora jogador de baseball em tempos. Fez-me lembrar o início da minha curta e intermitente carreira de jogador de futsal, no Grupo Desportivo dos Bons Dias, em que os meus colegas diziam que já havia uma marca do número 4 (homenagem a Ruud Gullit) no banco de tanto tempo que eu passava lá encostado. É claro que sempre fui melhor do que muitos que jogavam mais tempo do que eu (de verdade) e depois de na última jornada ter jogado o jogo todo e ter sido o melhor em campo, mudei-me para o Atlético Clube de Odivelas, onde seria muitas vezes titular e conseguiria o terceiro lugar na distrital de Lisboa, à frente do meu clube anterior. Toma, caralho! Adiante. John Sayles. Também ele, imagino eu, considerado, na indústria de cinema e na história do cinema, strictly bench material. Até há uma semana atrás, não tinha visto nenhum dos seus filmes. Depois de ver o primeiro, "Matewan", colheita de 1987, apareceram-me rapidamente e sem eu saber como mais uns quantos no meu portátil. "Matewan" é extraordinário, cinema sem personagens principais, logo todos personagens principais, em que as narrativas paralelas de Sayles, controladas na perfeição, sempre a andar para o lado, são o território cinematográfico perfeito para emergirem personagens cozinhadas em lume brando (por Sayles e por actores excelentes como Chris Cooper, Mary McDonald, Kevin Tighe e, acima de todos, um impressionante Will Oldham de 17 anos). Mas é esta capacidade de narrar, de contruir planos de cinema (os enquadramentos da cena de tortura; a greve, eventualmente um pico narrativo, mas que não é quase preparada, quando damos por isso, já está; toda a sequência de Oldham a avisar a população através de um sermão metfórico), de construir um cinema silencioso que fazem de John Sayles strictly bench material. Um novo génio por semana nos jornais e festivais e John Sayles a fazer cinema há quase trinta anos sem ninguém ligar patavina. Ah, o cinema.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Bresson de pijama.


De Carlos Reygadas apenas tinha visto Stellen Licht, filme que me agradou há uns anitos, embora não esteja muito certo que me sucedesse o mesmo actualmente. Bom, pior que Batalla en el cielo não será. Uma obra onde a austeridade é austera porque alguém deve ter dito ao Carlos, enquanto se comiam uns burritos e se apalpavam umas mamas de uma mexicana qualquer, que Epá, austeridade é que é, é isso que anda para aí a dar nos festivais internacionais de prestígio. Há quem coma austeridade desde a manhã até se ir deitar. Ao que o Carlitos perguntou Mas basta? Mesmo que seja artificial e meramente poseur? E logo surgiu a resposta de uma das kengas mexicanas: Claro. Basta que se assemelhe a algo parecido com contemplação e rigor, a mil léguas do tenebroso cinema amaricano, para teres a vida ganha, hombre. Agora dá-me no cú enquanto me chamas de Clara Ferreira Alves. E pronto. Há sopa religiosa e a inevitável redenção, brochedo e um plano de cona que poderia substituir como designação o famoso travelling de kapo (e por aqui também há um travelling circular a pedir meças ao mais exuberante aluno de uma escola do audiovisual), uma foda com uma gorda que despertará o mais saboroso fetichismo dos gajos que adoram ver badochas a serem comidas por trás, que maravilha, e modelos bressonianos a tentarem serem modelos bressonianos. Mais valia terem filmado, em plano fixo, o Jorge Campos a tocar concertina vestido com uma daquelas suas t shirts de cegar novamente um cego.

eles chegaram e já lavram.


Daniel Day-Lewis presenceia um "incêndio de grandes proporções que continua a lavrar com grande intensidade". Espera-se que o fogo "se acerque das localidades vizinhas, num cenário dantesco de caos e catástrofe". Salve-se quem puder.

intemporal.

Benjamin Franklin afirmou que nesta vida que levamos só há duas coisas certas: a morte e os impostos. Se ainda fosse vivo, acrescentaria: e o Vasco Câmara, de quinze em quinze dias, a agitar a gloriosa bandeira dos "anos 70" (e "anos 80" desde que ainda tragam o aroma da década anterior).

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lê, Viegas, lê.

Photobucket

Para rapidamente se manter a par da época no que diz respeito à temática "Cinema e Público", aconselha-se a leitura desta novíssima novidade da Ática, colheita de 1957, ao Ministro Viegas. Comprei-o num alfarrabista de rua na Ericeira e cheira menos a mofo do que as primeiras ideias cinematográficas do Ministro Viegas.

Berton Churchill, 1939.


what is good for the banks is good for the country.

A genialidade fordiana é tão magnânime que, através do seu olhar, até alimárias como os Ricardos Salgados, os Ulrichs e os Van Zellers me pareceriam invertebrados simpáticos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

morte aos feios.


Apenas li, com paciência e estoicismo de Job, as primeiras noventa páginas. Um mar de gente bonita, glamourosa, praias "lindíssimas", festinhas burguesas, arraiais de compras compulsivas (malinhas e vestidinhos), paixões de ninfetas, vivendas jardinadas nas encostas da Riviera e termos como "possua-me!". Espantoso como a filha do Coppola barbudo ainda não adaptou isto para o seu mundinho cinematográfico. Poderia contextualizar a acção para os tempos modernos e colocar a ninfeta a passear pelas praias de Cannes com uma mala da Hello Kitty (com cameo do Vasco Câmara).

sábado, 23 de julho de 2011

o preciosismo do Whitaker a colocar o cd encontra-se no top-10 dos maiores rituais do século XX.


A "função social" do cinema também se vê por aqui: só obras como Stranger Than Paradise, Ghost Dog ou Broken Flowers me obrigarão a levantar o cuzinho do sofá e a ir tirar a carta de condução. Ver estes Jarmuschas quase que me faz compreender a fetichização automobilística da maioria dos portugueses, incapazes de fazer uma conta de dividir sem ser por máquina calculadora, mas peritos nas cilindradas e nas propriedades da embraiáge e dessas caralhadas à Vettel. Ainda por cima agora, com o aumento dos preços dos transportes colectivos de pobres.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Jesper Ganslandt, realizador dardennizado

Depositava em Jesper Ganslandt todas as esperanças: ele ia conseguir-me muito dinheiro; ele ia impedir o Porto de ganhar campeonatos; ele ia tornar-se no maior cineasta sueco depois de Bergman. Depois de visto "Apan", sua segunda ficção, imagino que haja alguns quinhentos iguais a ele para disputar o trono de Ingmar. No centro do filme, um homem com tendências psicopatas. Evita-se a catástrofe, evitando-se explicações, não mostrando a acção de onde a narrativa parte (o filme começa com o tipo a acordar todo ensanguentado), conseguindo-se até alguns momentos muito bons na deambulação do personagem pelos espaços urbanos, quando até nos esquecemos, por momentos, o que está para trás e nos limitamos a segui-lo sem que nada de importante se passe. E o senhor que interpreta o personagem principal, cujo nome encontrarão no IMDB, se pesquisarem pelo título do filme, é extraordinário. Mas o Jesper terá ambições, o que não o faz caso único no panorama cinematográfico, embora se dilua nessa mesma voragem ambiciosa. É agora mais um entre os frequentadores de festivais. A sua câmara colada ao actor principal fá-lo-á, na melhor das hipóteses, o novo Dardenne. Com mais metáforas, o grande pecado de "Apan," que quer dizer macaco. A metáfora animal, a caução do último plano em que alguém diz que o personagem principal seria o único tipo normal (como se alguém fosse ver isto?), o filme a sacar um grande tema tornam o mesmo na maior decepção dos últimos anos. Jesper Ganslandt, realizador de "Farväl Falkenberg", um dos maiores filmes da década passada, em que Jesper pegava nuns amigos e ficcionava as suas próprias vidas, uma verdadeira e majestosa ficção do real. Há aquela teoria de que em primeiros filmes há a vontade de falar de muita coisa, ressentindo-se os mesmos com isso. Teoria de merda. Acho que em cineastas aparecidos nos últimos 40/50 anos, na generalidade, os melhores filmes são os primeiros. Resta esperar que o Jesper me consiga dinheiro e impeça o Porto de ganhar títulos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Médias, Super Bock

Com peixe, com carne, mas acima de tudo a ver bola com tremoços, amendoins, caracóis e com marisco, quando há dinheiro. Gelada, nem mini (se tiver que ser, vai), nem meio litro (se tiver que ser, vai). Ai tão bom. Filmes? Foda-se.

bazookas ou minis?

Bar aberto.