quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Melville, o Jean-Pierre

Devo ter perdido o último dia de praia deste ano. O calor é maravilhoso. Em Un Flic, não, o tempo é chuvoso - bela despedida do cinema de Melville, um dos grandes aqui na minha pequena casa, um ano antes de quinar. É filme de velho no despojamento. Argumento? Narrativa? Não percebo nada disso. Sei que temos uns 15 minutos de um assalto ao banco no início, meia dúzia de diálogos, mas uma atenção imensa a olhares, esperas, chove a cântaros, a compostura dos ladrões nas suas gabardines é um primor. Também há um polícia e é aqui que entra o Alain Delon, também um dos maiores, e que vai entrar no meu próximo filme. A certa altura no filme há outro momento de gatunagem num comboio, aonde os gatunos chegam de helicóptero (ambos os transportes, em plano geral, fazem-me lembrar os Thunderbirds - e é uma delícia). Aí uma meia hora nisto. Planos atrás de planos, uma fala ou outra, muito barulho do comboio, muito barulho do helicóptero. Genial. Em suma, polícia, ladrões e uma gostosa Deneuve numa estória de camaradagem, apesar dos diferentes lados da lei, apesar da ambiguidade e da derisão como diz o Delon, citando Vidoq. Personagens? Antes, silhuetas na paisagem. Ai esse Michael Mann (um dos maiores, também, são todos os maiores) que vai buscar ao Longo e ao Hopper, boraí ao CCB, tem Álvaro de Campos?, já tenho 18 anos!

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