domingo, 29 de janeiro de 2012

Maicon (o do FCP).

Quando éramos piquenos, e quando jogávamos à bola em qualquer terreno que servisse para o efeito (pátios de igrejas, estradas, quintais, etc), os últimos a serem escolhidos para cada equipa eram os trambolhos, os sobressalentes, os que ali estavam para fazer número e ocupar o tempo enquanto o Bocas e o Tom Sawyer não começavam na Tv. 'Tou a lembrar-me de um, o "Nélso", que efectuava magníficos pontapés na atmosfera, e depois de efectuar os pontapés na atmosfera, ia para cima de árvores para depois se atirar delas enquanto gritava "COMANDOS!". O "Nélso" não se tornou jogador da bola, como a maioria dos sobressalentes, mas, por estranhos desígnios do Senhor, alguns desses cancros futebolísticos fazem carreira na modalidade, impunes a qualquer demonstracção de óbvio retardamento emocional e técnico. O Maicon é um deles. Dou por mim a perguntar, de forma até a modos que científicos, Como é que isto se torna jogador de futebol? Quais foram os processos e as etapas que contribuíram para que uma aberração destas (e milhares iguais a ele que pululam nos campos da bola- uma dezena, ou perto disso, só no FCP) ocupasse uma vaga num plantel profissional de futebol, e ainda por cima bem pago por isso? Ter isto como jogador de futebol é como ter um abécula em engenharia a tratar da construcção de pontes e mesmo assim, sem problemas, continuar a espalhar mediocridade por tudo quanto é ponte. E ninguém o recrimina, descansado que está a fazer cair pontes ou a estourar bolas para o caralho mais velho. Filho da puta de quem o contratou, filho da puta de quem o mete a jogar, e filho da puta de quem ainda não o despediu ( extensível à restante dezena de aleijados técnicos que permanecem no plantel). 

Lana del Rey.

Se o mundo fosse justo, a página seis do ípsilon de anteontem entraria directamente no anedotário jornalístico nacional.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Drag Me To Hell.


Depois de A Simple Plan, Sam Raimi, estranhamente, abandonou as lides cinematográficas. Decidiu passar o tempo a fabricar brinquedos, ocupação tão nobre como qualquer outra profissão que seja igualmente nobre, onde, está bom de ver, não entra  a categoria "jornalista televisivo"- contradição em termos. Mas farto da brincadeira, o Sam decidiu voltar ao que gostava, ao que o celebrizou, e ao que os seus fãs reaccionários gostam e muito: filmes do "terror" curtos, tensos, feios, maus e suficientemente apalhaçados (melhor refeição burlesca depois da do Braindead). E bocas de moças virginais atacadas por diversos objectos. Puro gozo. Mas atenção, não é apenas hedonismo descabelado que por aqui há, não não; desta vez, por entre ciganas (racista! não tendes vergonha? vou chamar a Ana Drago!) que deitam bafos demoníacos, também há uma impercePtível agenda sobre a crise financeira desencadeada em 2008. Felizmente, é tão impercePtível que não estraga o deleite deste forrobodó. O 2666 parece ser um muito bom livro. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vasco Câmara.


A Decade Under The Influence, documentário a meias do falecido Ted Demme e de Richard La Gravanese, é um compêndio cine-bolso dos cinematográficos anos setenta amaricanos (punheta). Começa logo no vistoso genérico, com imagens icónicas dos filmes icónicos da década de setenta (broxe), um aviso à navegação de que aqui não se vai entrar por mares desconhecidos, mas antes por terrenos reconhecíveis. O Schrader (gordíssimo) diz-nos que os anos setenta (cona) começaram em sessenta em oito, quando os tirânicos estúdios ficaram sem sistema, o que conjugado com os ares do tempo criou a oportunidade para cabeludos e barbudos mostrarem que o cinema na era apenas a Ingrid Bergman a beijar o Bogart no nevoeiro de Estúdio, mas também uma predisposição para abordar "temas importantes". Os rostos dos setentas amaricanos (mamas) estão bem representados no documentário, até o John G. Avidelsen aparece, mas não o Spielberg ou o Lucas, esses putanheiros que estragaram algo tão puro e lindo como algo que eu nem sei expressar, e já salpico estas teclas de lágrimas. Vamos avançando por ordem cronológica, sem sobressaltos, o Nixon e o Vietname, o Friedkin a contar que o poster original do The Exorcist era uma menina com a mão cheia de sangue e, em letras garrafais, FOR GOD SAKE, SAVE HER!, muita nostalgia, muitos encómios, até vir esse filha da puta desse tubarão esfomeado e rebentar com os nobres sentimentos dos senhores e senhoras, prometi que na iria chorar muito, bom, ao menos o Scorsese, timidamente, é certo, ainda diz "Há apenas um Spielberg. Ele na tem culpa que os estúdios tinham ido nessa direcção", mas nada de mais contraditório ou em que se dissesse, ao menos, que "os anos 70 amaricanos (caralho) não são assim tão bons", mas nada. Ou então alguém que afirmasse, na boa, que "só entre 1939 e 1942 fizeram-se mais obras-primas no cinema norte-americano do que em toda a década de setenta amaricana (fodilhão) (e que vai desde 1968 até 1981, altura em que a Michael Cimina exterminou de vez com o bicho)". Mas nem isso. 

cinema do papá. E da mamã, e da maninha, e do priminho e da priminha...


O cinema (?) do Payne traz à memória a genial frase dita há alguns anos pelo Nuno Gomes: Nós, os jogadores, também somo seres humanos como as pessoas. No cinema (??) do Payne é assim: Nós, personagens, também somos seres humanos como as pessoas (que nos estão a ver). Uma ramificação dessas cousas pantomineiras de "mostrar a vida tal como ela é" e retratar "pessoas que são iguais a nós". Tudo muito bem composto e prestigiante, com inevitáveis nomeações e prémios para argumentos laboriosos e "grandes interpretações" de actores e actrizes que passam por "pessoas iguais a nós", pobres filhos da punheta. E pronto, é este o "cinema adulto" que os americanos têm para oferecer. Está muito bem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

coito visual.


"A mentira das imagens". "A manipulação das imagens". " O que as imagens escondem". " O poder das imagens". " O rabo da Rihanna". Tudo, como sabemos, expressões de uma beleza indescritível, elas próprias com grande "poder de imagem" (cuzinho lindo) e com forte carga validatória  de qualquer trambolho audiovisual ( filha, o meu filme é sobre "o  choque das imagens". Mama-mo bem). Li qualquer cousa (no Público? Mourinheiros?) sobre "o que as imagens escondem" em Autobiografia lui Nicolae Ceausescu. Ao fim de três horas de "Euronews: No comments", estas imagens só poderão esconder aquele berlinde abafador que eu perdi na 4º classe, um abafador que me fez perder duas sacas cheiinhas de novinhos berlindes, uma desgraça, mas que mesmo assim, por estúpido capricho, só merecia de mim o maior dos carinhos, querido abafador. Pois, o Nicolae...Bom, não duvidando do titânico trabalho do Ujica no Final Cut, não consigo descortinar cinema nesta escolar e "pedagógica" fantasia romena. A imagem ao serviço do poder instituído, bla bla bla, o valor da propaganda, bla bla bla, chiça. O soutien da Carla Gugino, no Snake Eyes, esconde muito mais do que o que vi por aqui. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"um filme que nos faz crescer enquanto espectadores."


Ao fim de dois minutos tive de parar o desenrolar do ficheiro. Aquele cabelo, aquele perfil, os ombros...Fui ao Imdb, tentar confirmar as minhas suspeitas. Bien sûr, c'est Margot, do Conte d' Été. Treze anos mais nova, mas de um temperamento mais grave. Ao fim de quinze, fiquei espantado de comoção, ao ver a simples cena de Pauline aninhada nos braços de Marion. De uma singeleza que me faz questionar como é que se faz isto; também quero, papá!. Alguém compra amendoins. Nunca tinha visto ninguém, num filme, a comprar amendoins. Num Rohmer, até a pedofilia surge envolta em travos ligeiros. Um senhor de gabardine no metro de Lisboa e o Eric faria daí uma fofa fábula sobre o amor, com delicados e adultos diálogos entre o senhor de gabardine e meninas universitárias de lábios carnudos. Há um portão que se fecha e acaba o filme. Acaba também o cinema, circa 1983. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Takashi Miike.

Desejo o assassínio (literal) de cada um dos membros (ministros, acessores, etc) deste governo. Podem deixar para o fim a Assunção Cristas, para levar um tratamento à puta do Kinatay antes do retalhamento. Eu tiro a gravata, putéfia. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Lance Henriksen.


O Cameron tem mais que se envergonhar com todo o Avatar (menos os episódios metralhescos, he's still got the touch) do que com o gloriosamente inane filme de estreia, Piranha 2, onde peixes voam e há fodas debaixo de água sem bombas de oxigénio. Choque deveras engraçado entre a "seriedade" das personagens e o delírio que as rodeia, vai-se transformando, a cada minuto que passa, numa série abaixo de Z, que à distância de trinta anos, se torna ainda mais caricata tendo em conta a restante filmografia do realizador, praticamente toda ela de orçamentos milionários e tecnologia de ponta. Se calhar foi boa ideia o Cameron ter sido proibido de entrar na sala de montagem, pois corria-se o risco de o filme ter uma qualidade aceitável, o que não seria tão engraçado para os meus olhos e ouvidos. Também dá para reparar que em 1981 as aureolas mamárias eram muito maiores do que as de agora. E o Lance Henriksen já tinha voz radiofónica capaz de rivalizar com o falecido António Sérgio.

O Lance, seis anos depois, já não só tinha voz para substituir o Sérgio, como podia perfeitamente ocupar o lugar do Rui Morrison a anunciar os preços do bacalhau e dos bifes do lombo do Pingo Doce. Em Near Dark, segunda longa da então quase esposa do Cameron, ele é um dos repescados do elenco do Aliens, juntamente com o Bill Paxton e e Jenette Goldstein (a Vasquez, par de melões gigantesco). Apesar da ambiental banda sonora dos Tangerine dream, Near Dark não deve ter custado mais do que dois quilos de alho, com as dobragens em estúdio a notarem-se a léguas. Com a classificação  tenebrosa de "filme de culto", não é um filme assim tão mau, embora coisa menor na Bigelow: uns pózinhos de Badlands, de iconografia sulista  e da mitologia do Western, consegue a proeza de ser ainda mais estiloso (aqui, no pior sentido) do que qualquer filme posterior da ex- Cameron. Recomendado, sobretudo, para quem acha que tudo o que tem um look artesanal é do camandro, porque...porque...porque...isso mesmo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

putaria Carpenteriana.


Não sendo uma obra-prima, é mais estimulante do que 83,1% do cinema actual. Mas estimulante mesmo: é old-school da mais absurda manipulação, cheio de "sustos" e carpintaria misógina (já tou a ver a Susan Sontag e a Laura Mulvey a blasfemarem contra The Ward enquanto, a primeira de cabedal e motoserra em punho, tenta estoirar as mamas da segunda (de colegial) em mil pedaços). E a "atmosfera"? Maravilha. Desde o melhor genérico dos últimos sete mil anos até aos contra-picados da fachada do edifício, passando pelos travellings no corredor Fuelleriano e também os melhores vestidos da década de sessenta e ainda mais qualquer coisa, é John a mostrar aos grunhos dos Zombies e dos Roths como se faz um filme do "terror" que vai de A a B sem nos minar a paciência. Do "terror", é como quem diz; imaginar a Mulvey de colegial é muito mais aterrorizante do que The Ward, e certamente muito menos estimulante, embora ainda assim superior a 34%6 do cinema actual, a não ser que nessas contas entre o filme do Tochas, que vale qualquer coisa como 37,3% da quota de estimulante cinema actual, o que baralha um pouco as contas. Quinta feira: Piranha 2

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Martin Bormann.



Exibicionista ou  "visionário", pastoso ou onírico, pró-nazi ou o caralho, Europa, o penúltimo filme de Von Trier, terá em cada um o que cada um quererá ver, mas se o filme for visto a partir das duas da madrugada numa noite de inverno, com o lume da lareira a crepitar e um cobertor quentinho nas pernas, então é possível que, mesmo com os olhos semi-cerrados, o parecer seja favorável a este carnaval irónico do naz...do dinamarquês. Desde a visão do Flowers of Shangai que não gostava tanto de um filme virado mais para lá do que para cá, e nem seria necessária a introdução freudiana do Von Sydow para me colocar a dormitar. Ajuda, também, o facto de não haver história nenhuma para acompanhar, prestando-se toda a atenção em estado semi-beta a um catálogo de "excentricidades" visuais capaz de arrepiar os costados a um entusiasta da "austeridade" e da "economia de meios". A dada altura, até, pensei que o televisor estava com algum problema de calibragem de cor, dada a irrupção mirífica daquilo que me parecia cor em metade do enquadramento e claro-escuro no outro, mas deixei-me estar no sofá, pensando em quantos troncos ainda restavam para arder. Faltavam três, e mais descansado assim fiquei, desfrutando da auto-indulgência de um gajo que morreria cinco anos depois, ao som de sinos celestiais. Como complemento enquadrativo, recomenda-se "A Vitória da Fé" ou "Triumph des Willens".