sexta-feira, 23 de março de 2012

instintos básicos.


Estava cheio de fome. Decidi procurar restos de mulherio pelas nauseabundas divisões da casa, mas tive pouca sorte; não restava mais do que umas carcaças semi-apodrecidas, intragáveis. Só me restava efectuar a outra coisa minimamente aceitável: fazer uma integral Verhoeven, desde os tempos de Cruyff e Neeskens até à era do Robben e do Sneijder. Por ordem cronológica. Só as longas-metragens. Gloriosa semana, que me ajudou a confirmar o mestre como um dos bens essenciais da actual sociedade humanitária. Um homem que proferiu frases poéticas como "tenho tanta violência na cabeça que por vezes penso que ela vai explodir" e "i love tits and asses!" e que, vista a sua obra de seguida, torna-se óbvio que Paul as tem respeitado com enorme dedicação. Corpos estrilhaçados, mutilados e o gostosinho com que os seus heróis rebentam as ventas alheias. Caralhos, mamas e conas à mostra, sem qualquer aditivo sensual. Bem badalhoco. As personagens fazem jus à loucura da carne do Jeff Goldblum cronenberguiano: atiram-se de frente, apalpam e apertam e gemem, não há quem gema tão javardamente como nos filmes do holandês. Não há recalcamentos por estas bandas: tudo visível, exposto, abençoadamente grotesco, sempre em contra-ciclo com as ideias de "austeridade" e "subtileza" como qualidades em si. E, ao contrário de um tarado dinamarquês, com espaço para a irrisão e sem aspirações a "Arte". Agradecido, Paul. Espero que continues a foder o "cu de oiro"* dos mandarins dos "valores" da "sobriedade" e da "moderação". Yummy yummy.

* direitos desprotegidos.

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