domingo, 11 de março de 2012

O Robocop do José Padilha estreia a 9 de Agosto de 2013.

Gulbenkian, ontem, por volta das 15 horas.

Ah, a Gulbenkian. Espaço de repouso, de confraternização, de cultura, de masturbações nos arbustos. As gentes preparam-se para a ante-estreia mundial do novo documentário de João Mário Grilo, A Vossa Casa. Reparo na Teresa Villaverde em farrapos (coitadinhos dos realizadores portugueses, alguém que lhes abençoe a alma com meia dúzia de côdeas) e no José "cinco minutos de jazz" Duarte. Já na sala, fica-se com a sensação que a idade média da audiência deverá rondar os oitenta anos. Três vultos sobem ao palanque. Discurso do Presidente da Fundação. Começo a pensar se não será melhor desviar o Otamendi para a direita, ele jogou assim (e bem) no Mundial de 2010. Palmas. Agora, Maria Joãoão Seixas. Bonitas lâmpadas. Frescas estudantes de arquitectura rejuvenescem um pouco o lar de idosos. Palmas. Grilo entra em acção, munido de dois papéis. Profere palavras, disso não tenho a menor dúvida. Palmas. Luzes out. Começa a reportagem silenciosa de António Campos sobre Raúl Lino naquele mesmo espaço, 42 anos antes. O dr. Américo Tomás . Citroens quase em pé. Uma pequena maravilha de sete minutos. Entretanto, na sala, risos histéricos e telemóveis destravados. Ah, a Gulbenkian, local onde se elevam as mentes. Começa o filme do João. Atrás de mim e do comparsa de blogo, um casal masturba-se verbalmente. Os telemóveis continuam o seu concerto, e eis que entra em campo uma nova sinfonia: tosse. É tanta que fico a pensar se não fui parar a um romance de Flaubert. Interiormente, começa-se a desejar a morte apocalíptica desta gente, verbalizada mais tarde já ás portas da Cinemateca, onde uma mulher com sacos plásticos na mão se preparava para ver o seu oitavo filme do dia. O comparsa do blogo concordou com a morte de tão público filho-da-puta, ficando por decidir se com ou sem Sida. Um voto a favor e outro contra. Esclareceu-se, também, que a seguir à morte de cada aventesma o suplício iria ser ainda maior: ver um filme do Besson (pode ser o Leon, esse que quando um gajo diz que não gosta do Besson, surge a inevitável pergunta "nem do Leon?", "Não, pá, nem do Leon"). Vão cochichar e tossir e receber sms para a cona da vossa tia. 

o filme do Grilo é interessante, sobretudo porque a verborreia da sua narração é tão exasperante que todo o silêncio que se lhe opõe surge como um alívio espiritual. Ao menos podia-se ir buscar a voz da Agnés Varda, ou então a narração do Welles no Ambersons: é tão boa que serve para enquadrar qualquer coisa.

próxima indignação: velhos que no Pingo Doce saem do seu lugar na fila para se colocarem quase ao lado da pessoa que está à sua frente, para que esta se condoa da sua condição de velhos e as deixe passar.

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