sábado, 10 de março de 2012

os críticos do ipsilon têm agora as caras estampadas no quadro das estrelinhas. Já não podem dizer que "os críticos são todos iguais".


Depois de ver a fantasia do menino Nicolas, há que lavar os olhos. Nem é necessária muita água e o sabonete da melhor qualidade; até um Nolan basta. Se, contudo, quiser eliminar toda a porcariazinha dos seus lindos olhos, é aconselhável que opte por medidas mais seguras e higiénicas. Sabonete Hellman, modelo The Shooting. Ao fim de setenta e sete minutos, recuperará o olhar brilhante de outrora, é garantido. Pela sua íris passará um "árido e infinito deserto", a escassa misericórdia da mãe natureza pelas vinganças humanas, o Nicholson antes de ser cabotino e, está claro, Warren Oates, um dos actores fetiche de Hellman e de um outro bêbado que também começava a pregar marteladas no caixão westerniano. Um barbudo com uma perna partida, perdido no meio da "paisagem inóspita", come uns caramelinhos. Silhuetas deixadas ao relento, em planos filmados do céu. Dizem que é "existencial" e "nihilista" e, quiçá, "feminista". Isso não sei, mas que é do vergamalho, disso não tenho dúvida. 

Menos sofisticado e consensual é o sabonete Walter Hill, versão Streets of Fire, data de 1984. Poderá causar-lhe urticária as rugosidades pulp da coisa, mas se se deixar abandonar, terá a face mais fresquinha que um bebé acabado de lavar pelas suaves mãos da sua mãe teenager. Desde uma brutal sequência de abertura, onde Diane Lane+ pop de estádio dos anos 80= agradeço por não ter tomado aqueles comprimidos ontem à noite, até ao final, onde o Cowboy parte para a Covilhã, a sua carinha será regada ininterruptamente com diálogos saídos de um Hammet em cenários retro-presente-futuristas, Ry Cooder a bombar (aprende, ó Nicolas), o William Dafoe que ainda está mais pavoroso do que no Wild at Heart, e ainda a Diane Lane a estourar o libidinómetro. Esta guloseima cartoonesca é o filme que o noitibó do Tony Scott nunca conseguiu fazer. Agora vá chafurdar no "Super 8".

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