sábado, 16 de março de 2013

Richard Widmark + Victor Mature= rezemos


Willem Dafoe em 1947

A política dos autores teve, pelo menos, um benefício: a de convidar qualquer pessoa a lutar contra ela. Contra os cânones dos Serris (o Augusto M Seabra americano, muita "história do cinema", muito respeitinho pela "ordem" das coisas), etc. Bom, não sejamos injustos com outra vantagem que a dita porca...política dos autores teve: permitiu que, por exemplo, a Fnac arranjasse prateleiras com dvds de "cinema de autor", e por isso lá vemos as bonitas capas da Atalanta com os Reygadas, os Roy Anderssons os Vinterbergs, os Honorés e demais bacalhaus . Cinema "fora da américa"= cinema de autor"= "cinema que faz pensar", isso mesmo. "Não gosto de cinema amaricano. É muito comercial". " E diz-me aí um filme que gostes muito, então". "O Amélie". Alguém, por favor, que venha editar e refrear este texto, que este escriba está em rédea  solta e não sabe onde vai parar. Isto era sobre o quê, mesmo? Ah sim, o formidável Kiss of Death, do Henry Hataway, um desses "journeymans" que não aparece nos mais sublimes cânones da "história do cinema". E eu com isso. Já me bastavam os três minutos anteriores e posteriores a esse frame ( aí uns trinta segundos antes há um plano de um olho atrás de uma cortina que é das cousas mai lindas e extraodinárias que já vi no negócio dos filmes) para o Henry já ter lugar assegurado no panteão dos Senhores. Puríssimo cinema visual, cinema do corpo, olhares, ritmo acertadíssimo, "pacing", como dizem os americanos. É quase sempre assim em todo o filme, que tem, pelo menos, três ou quatro sequências geniais onde tudo isso faz nota de destaque. É pena, no entanto, que este filme seja falado em inglês: se fosse em francês talvez tivesse ido parar aos escaparates do "cinema de autor" na Fnac. Junto a um Despleschin ou assim um desses congeladores que nos "fazem pensar".