sábado, 9 de novembro de 2013

Dr. Vasco, enorme (como sempre)

 A RTP, estação oficial, oferece agora de madrugada (à volta das duas da manhã), ao pequeno grupo dos seus fiéis, pornografia light e um pouco mais, talvez para aumentar uma audiência em risco de extinção. Desde segunda-feira, passou um documentário sobre o Crazy Horse, para quem está particularmente interessado na anatomia feminina e se diverte com o espectáculo, presumivelmente erótico, de um travesti. E passou também dois filmes do artista espanhol Bigas Luna (ou do Panamá, da Costa Rica ou do Peru, é indiferente), em que o light já anda perto do hard e se mostram, dentro da variedade possível, e com grande devoção e inusitado brilho, exercícios sexuais que certamente contribuem para a educação do povo boçal e a alegria do país.
 Não sou pudibundo, nem tenho nada contra aqueles que gostam ou precisam de pornografia, light ou hard, para o seu descanso. Mas não me deixa de me intrigar a razão por que a RTP resolveu escolher este audacioso caminho. Por equívoco? Por um acaso feliz no meio da trapalhada vigente? Por uma subtil estratégia  de programação? Ou por simples zelo do princípio constitucional da igualdade, a benefício das velhinhas de Trás-os-Montes, sem computador, que nunca foram a Paris, ao Meco ou às praias do Algarve?

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Dr. Vasco, Público, p. 60, 08/11/2013