domingo, 22 de fevereiro de 2015

este texto tem espóileres


Estavam decorridos treze minutos e vinte e seis segundos de Welcome to New York quando tive de ir bater uma. Não que as putas que estivessem a derramar charme postiço na magia do monitor tivessem especial encanto punheteiro, mas sim pela fantasia que proporcionaram á minha modesta capacidade cerebral: gajo-todo-poderoso a levar para um hotel a Diana Chaves, a Vanessa Oliveira, a Sónia Araújo, a Léa Seydoux e sabe-se quem lá mais e depois festa rija com espumante e bagaço e carapaus assados no pão. Pívea batida, volta-se ao filme. Essas putas desandam e entram outras duas, russas. É  a partir deste ponto que o filme começa a provocar delícias: quando as putas estão prestes a entrar no quarto do Depardieu, o Ferrara corta para este, deitado na cama, a olhar para o tecto, e depois a ouvir a campainha, a olhar para o relógio e a soltar um "ah!", como quem diz:" está na hora de mais putedo! Viva! FMI para sempre!". Depardieu a foder é imperial. Rosna, e isto não é uma mera expressão idiomática, mas sim um acto para levar á letra. Rasga, bate, lambe, só falta chorar, como o fabuloso Keitel do melhor filme americano dos anos 90. As fodas e o espumante nas tetas das putas e demais guloseimas estão em perfeito contraste com os planos fechadissimos "é para mostrar a envolvência dos corpos" do pedaço de bosta chamado 4:44: claros, simples, sem termos os poros e o suor a sujar o monitor, que magia. Mas isto não é nada, o melhor ainda está para vir, numa sequência de arrest-prison-release que mostra a verdadeira essência de touro enraivecido "interiorizado" da personagem do Gerard. Minutos de mínúcia hitchockiana do The Wrong Man mas sem sentimentos de culpa: jamais se vergar, nem aos guardas (negros) que lhe lançam atoardas sibilinas nem aos presos (negros) que o olham e o envolvem de forma acusatória, numa cena que parece estar sempre a tombar para os terrenos da violência mais extrema. "Eu quero é que vocês se fodam todos!", diz Depardieu, frase a juntar ao "eu quero é que a vossa felicidade se lixe!" do adieu godardiano; tudo pó caralho!. Jacqueline Bisset a lembrar glórias alheias, em sequências "dialogantes" em interiores com Depardieu que são tratado de "representação" (toma, Serra, filho de uma grande puta, viva os actores!). Para a selvajaria ser ainda maior só falta o Devereuax/Depardieu foder a própria filha, que é bem boa. Pronto, é isto.