quarta-feira, 4 de março de 2015


Revendo Scream. Mais um exemplo de como certa nostalgia reaccionária faz mais por um filme do que propriamente as suas "qualidades". Ou, como sempre, o que vai mudando num gajo (embora um tarado seja sempre um tarado) ao longo dos anos. Estava a ver o filme e a lembrar-me do pessoal que nos idos de 1997 discutia estes e outros filmes (todos americanos, todos mainstream, claro está, ninguém sabia quem era o Garrel nem demais cagalhoadas) antes, durante e depois dos treinos da bola. Lembrei-me, também, de como o Miguel Gomes tinha gostado muito do filme. Isto de um gajo lembrar-se do que outro escreveu há 17 anos diz muito sobre o que um gajo é. O pessoal da bola já nem joga á bola, nem discute filmes. 96% 'tá casado, com excesso de peso, carregados de filhos e os únicos filmes que vão ver são os que os filhos lhes pedem para ver ou as 50 sombras de merda que as suas lindas esposas enternecidamente lhes sussurram ao ouvido (ai, Romeu, onde foste parar!). Quanto ao filme, é o que sempre me pareceu ser: caricatura divertida e por vezes demasiado inteligente de um género, sempre na corda bamba entre a gozação dos clichés e a derrocada perante os mesmos. E agora dizer isto a um desses moços de 97, agora homens pançudos ? "Tás a falar do quê, caralho? Já volto, vou ter de ir buscar a gaja ao cinema, foi ver as 50 sombras de esperma". Imperial Matthew Lillard, e Rose McGowan com os mamilos mais tesudos da "magia do cinema". Um destes anos ainda vou olhar agradavelmente para o Antichrist ou o La Cicatrice interieure e demais belezuras.