segunda-feira, 17 de abril de 2017

Está bonito está, o cinema francês "de qualidade".


Já não bastavam as Garreladas e o seu "austero preto e branco" e os mesmos cornudos anuais; o cinema do papá e da mamã da Hansen-Love; a nouvelle vague provinciana do Desplechin; o Giraudie que neste último filme fez um amanhado episódico que passa por "cinema livre e sem concessões"; agora foi a vez do Dumont bater no fundo, o mesmo Dumont que anda há uma dúzia de anos a ser levado não ao colo, mas de Boeing pelos Cahiers e seus minions. Reconheça-se, neste asqueroso Ma Loute, um possível mérito: é capaz de irritar tanta a faxolândia como a esquerdalhada. De resto, é um festival grotesco que passa por encenar a milésima "luta de classes" (epá, pó caralho mais a "luta de classes", caralho) através de um arsenal caricatural capaz de corar de vergonha o pior funcionário do Charlie Hebdo. Gags inenarráveis e, pior, repetitivos; a "elite" parece a versão a esteróides da mesma "upper class" do Mon Oncle e a "classe trabalhadeira" é porca e animalesca (H.G.Wells, anda cá baixo ver isto!). Juliette Binoche nunca esteve assim, tão intragável, presa em tiques de "teatro" de revista. A maravilhosa Valeria Bruni Tedeschi, quase sempre perfeita na sua aura destrambelhada, ´tá aqui a fazer coisa nenhuma. Ah, e também há o sempre indispensável toque de "realismo mágico", com citação felliniana e tudo. Bardamerda, como diz o outro.